Sob o impactante cerco aos intelectuais e artistas brasileiros, nos conturbados anos da década de 1960, a arte teatral irrompe no horizonte cultural do país, como fenômeno popular de resistência e crítica ao autoritarismo instaurado a partir de 1964. Censura prévia aos espetáculos, invasão e destruição de teatros, prisões, tortura e execuções eram praticadas com frequência.
Estes acontecimentos históricos são o tema da Mostra “Inovação e Tradição: O teatro capixaba nos anos 1970”, em cartaz no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), que traz à cena diferentes fotografias, matérias de jornais, cartazes, livros, revistas, panfletos, convites e programas de espetáculos do acervo da instituição. A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h30, à Rua Sete de Setembro, 414, no Centro de Vitória. Ela seguirá em cartaz até o dia 08 de dezembro de 2023.
Segundo o curador da Mostra, Sérgio Oliveira Dias, em meio à insatisfação geral, não se imaginaria que o teatro brasileiro conhecesse período de grande capacidade de transformação, inspirado pela dramaturgia combativa. No Espírito Santo, naqueles tempos difíceis de repressão, surgiram grupos situados na faixa da chamada vanguarda artística.
“A inquietação da década de 1970 e a difusão do teatro motivou o interesse de toda uma geração de autores e diretores locais e um promissor elenco de atrizes, atores e cenotécnicos da arte dramática”, destaca. Segundo Dias, a Mostra tem o propósito de formar um esboço panorâmico com elementos que colaboraram, em maior ou menor intensidade, para a transformação do teatro capixaba durante este ciclo histórico.